Pela primeira vez desde sua saída do Iron Maiden, Nicko McBrain concedeu uma entrevista. O baterista conversou com a Chaoszine, da Finlândia, sobre as razões que o levaram a se afastar da banda após 42 anos na formação.
O show final aconteceu no Allianz Parque, em São Paulo, no último dia 7 de dezembro. Simon Dawson (British Lion, The Outfield etc) ocupará sua vaga. Porém, Nicko segue listado como integrante – apenas não participará mais das atividades em turnê.
Confira tudo o que foi dito pelo baterista a seguir. A transcrição é do Blabbermouth.
O sentimento menos de dois meses após realizar o show final:
Nicko: “Emoções confusas, obviamente. Tomar a decisão de dar um passo para trás nas turnês foi fácil na época, indo em direção ao fim da turnê. Eu meio que tomei uma decisão quando chegamos à América do Norte e conversei com os caras sobre isso, principalmente Steve (Harris, baixista e líder], e depois com os empresários. E todo mundo disse: ‘Ok. Se é isso que você quer fazer, nós entendemos’, considerando minha deficiência, desde meu derrame [mini-AVC sofrido em 2023) e tudo o mais. Então, acordo alguns dias e fico tipo: ‘Vou perder a próxima turnê e não vou poder sair na estrada’. Foi uma decisão fácil, mas eu queria poder continuar tocando com os caras. Eu queria estar em plena forma.”
Foi difícil fazer a turnê “The Future Past”?
Nicko: “Foi. Nesta, nós mantivemos o mesmo tipo de cronograma: dia de show, dia de viagem, dia de show, dia de viagem, dia de show, um ou dois dias de folga, dia de viagem, esse tipo de coisa. Isso me pegou. Foi bom no ano retrasado, em 2023. E ainda foi bom em 2024, mas senti que não conseguiria dar 100%, certamente em ‘The Trooper’ e outras músicas. E nos viramos, passamos por isso bem, mas senti que não estava conseguindo conduzir a banda como queria, embora tivesse um personal trainer na estrada no final da turnê norte-americana…
Não tínhamos dias de descanso. Se fizéssemos dois shows seguidos, teríamos um dia de viagem e depois um dia inteiro de folga. Estava dando certo para mim. Eu estava gostando de ter esse lado físico do treinamento.
Eu não estava levantando tanto peso; era muito alongamento de ioga, muitas coisas assim, tentando recuperar minha agilidade mental com a coordenação. Havia muitas coisas que fazíamos juntos para melhorar as sinapses no cérebro para voltar a funcionar. E estava ficando bom, mas era uma luta para mim. E eu pensei: ‘Sabe, na minha idade (72 anos), vou dar um passo para trás e deixar outra pessoa assumir as rédeas’.”
Sentimento de frustração após o problema de saúde:
Nicko: “Quando você se acostuma a ser capaz de fazer algo por, tipo, 50 anos de sua carreira… Deus me deu um derrame, mas eu ainda estou aqui. Eu ainda estou de pé dois anos depois. Mas eu tive muita sorte no fato de ter ótimos terapeutas que me ajudaram nisso no começo. O sentimento que eu tinha era frustração, porque eu sabia que eu podia fazer as coisas, mas eu não conseguia fazer, fisicamente ou mentalmente, porque há muita coisa mental acontecendo.”
A tomada de decisão pela aposentadoria das turnês:
Nicko: “Foi algo que eu tinha pensado em 2023. Eu estava pensando depois do fim daquela turnê: ‘Bem, devo anunciar isso para a banda então?’. Mas eu pensei, ‘Não, eu vou passar pela turnê The Future Past e então veremos. Vamos tirar isso do caminho primeiro’. E quando chegamos na turnê norte-americana, eu pensei: ‘É hora de pendurar as chuteiras, Nick’. Não foi uma decisão fácil mas foi a melhor. É verdade que tenho dias bons e dias ruins, e os dias ruins são quando eu sinto: ‘oh, eu não vou mais ficar nesses palcos olhando para esses fãs maravilhosos nossos por todos esses anos’, mas no fim das contas, não estou fazendo isso porque foi demais para mim.”
Planos de autobiografia:
Nicko: “Sim, estamos à beira disso. Tem sido falado sobre isso. Fique de olho neste tópico.”.